NOVA CLASSIFICAÇÃO DA OBESIDADE

O QUE MUDOU NA NOVA CLASSIFICAÇÃO DA OBESIDADE?
A discussão sobre a obesidade ganhou um novo capítulo com a recente publicação de um consenso no The Lancet Diabetes & Endocrinology. O ponto central dessa nova abordagem é a reformulação da definição de obesidade, que agora transcende a simples métrica do Índice de Massa Corporal (IMC). A proposta é incorporar uma avaliação mais abrangente da adiposidade, considerando medidas como a relação cintura-quadril e, quando possível, métodos avançados de análise da composição corporal.

A obesidade passa a ser vista como uma “condição caracterizada pelo excesso de adiposidade, que pode ou não estar associado à distribuição anormal do tecido adiposo, com causas multifatoriais e ainda não completamente elucidadas”. Essa nova definição destaca a complexidade da obesidade e a necessidade de uma abordagem diagnóstica mais completa.

Um dos aspectos mais relevantes desse consenso é a divisão da obesidade em duas categorias: pré-clínica e clínica. Essa distinção visa identificar indivíduos em diferentes estágios da doença, permitindo intervenções mais precoces e personalizadas.

Obesidade Pré-Clínica:

– Caracterizada pelo excesso de gordura corporal, confirmado por medidas como IMC e outras avaliações antropométricas ou de composição corporal.

– Ausência de disfunções orgânicas detectáveis.

– Representa um estado de risco, onde a prevenção é fundamental.

Obesidade Clínica:

– Doença crônica e sistêmica, com alterações funcionais em órgãos e tecidos devido ao excesso de adiposidade.

– Presença de disfunções orgânicas documentadas (por exemplo, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, apneia do sono) e/ou limitações funcionais significativas (por exemplo, dificuldades nas atividades diárias).

– Requer tratamento médico abrangente.

Os critérios diagnósticos detalhados incluem:

Obesidade Pré-Clínica:

– IMC ≥ 30 kg/m² (ou valores ajustados para idade, sexo e etnia) e outras medidas que confirmem o excesso de adiposidade.

– Ausência de disfunção orgânica mensurável.

– Função física preservada.

Obesidade Clínica:

– Confirmação da obesidade pelos métodos descritos acima, acrescida de um ou ambos os seguintes critérios:

– Disfunção orgânica documentada.

– Limitações funcionais evidentes.

Confirmação da obesidade pelos métodos descritos acima e um ou ambos os critérios: 

– Disfunção orgânica documentada

– Limitações funcionais evidentes 

De forma mais detalhada, o consenso aponta para 18 sistemas que devemos analisar para caracterizar a obesidade clínica. Seguem os itens listados: 

– Sinais de aumento da pressão intracraniana, como perda de visão e/ou cefaleias recorrentes. 

– Apneias/hipopneias durante o sono devido ao aumento da resistência nas vias aéreas superiores. 

– Hipoventilação e/ou falta de ar e/ou sibilos devido à redução da complacência pulmonar e/ou diafragmática. 

– Redução da função sistólica do ventrículo esquerdo – Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Reduzida (ICFER). 

– Fibrilação atrial crônica/recorrente. 

– Hipertensão arterial pulmonar. 

– Fadiga crônica, edema de membros inferiores devido à disfunção diastólica – Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Preservada (ICFEP).

 – Trombose venosa profunda (TVP) recorrente e/ou doença tromboembólica pulmonar. 

– Pressão arterial elevada. 

– Conjunto de hiperglicemia, altos níveis de triglicerídeos e baixos níveis de colesterol HDL. 

– Doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) com fibrose hepática. 

– Microalbuminúria com redução da taxa de filtração glomerular estimada (TFGe). 

– Incontinência urinária recorrente/crônica. 

– Anovulação, oligomenorreia e síndrome dos ovários policísticos (SOP). 

– Hipogonadismo masculino. 

– Dor crônica e severa nos joelhos ou quadris associada à rigidez articular e redução da amplitude de movimento. 

– Linfedema nos membros inferiores causando dor crônica e/ou redução da amplitude de movimento. 

– Limitações significativas, ajustadas pela idade, na mobilidade e/ou em outras Atividades Básicas da Vida Diária (banho, vestir-se, uso do banheiro, continência e alimentação). 

Essa nova abordagem diagnóstica representa um avanço significativo no manejo da obesidade, permitindo uma avaliação mais precisa e individualizada dos pacientes. Enquanto a obesidade pré-clínica foca no risco potencial de progressão, a obesidade clínica enfatiza o impacto direto na função orgânica e nas limitações da vida diária.

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